Fact Check. Experiência com kiwi prova que testes à Covid-19 são falíveis?

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Um vídeo publicado no Facebook no passado dia 27 de dezembro sugere que um grupo de cientistas italianos fizeram o teste rápido de rastreio à Covid-19 a uma amostra de kiwi e que o resultado foi positivo. A ideia da publicação é sugerir que os testes de antigénio não são fidedignos. O vídeo, contudo, tem várias imprecisões, começando pelo facto de o resultado à amostra de kiwi ter sido — inclusive — negativo. Trata-se de uma publicação falsa.

O Observador pediu ao médico João Júlio Cerqueira, autor do projeto Scimed, que visa desfazer mitos na área da ciência e promover a literacia em saúde, para analisar o vídeo e concluiu duas coisas: primeiro, que não é sequer possível perceber pelas imagens que se trata de um teste para a deteção do SARS-CoV-2; depois, mesmo assumindo que é um teste rápido para a deteção do novo coronavírus, “o mais incrível é que o teste não deu positivo”, visto que a única linha que apareceu no resultado foi a linha da “tira-controlo” que, como explica o médico ao Observador, serve apenas para “avaliar se o teste foi executado corretamente”. E isso não quer dizer nada: “A execução pode ser correta, mas o tipo de amostra colocada pode não ser uma amostra válida”. Como era o caso.

É que os testes de antigénio para rastrear a Covid-19 foram concebidos para testar uma amostra específica de “exsudado de nasofaringe”, pelo que a utilização de uma amostra totalmente diferente, como é o caso de uma amostra de kiwi, com um pH ácido, pode causar perturbações no teste. Mais: o suposto médico que aparece nas imagens, não é médico nenhum. Mas vamos por partes.

No vídeo, é possível ver o alegado cientista italiano a colher uma amostra, com um cotonete/zaragatoa, num kiwi aberto ao meio. Colhida a amostra, o cientista coloca o cotonete num tubo de ensaio, mistura com uma solução preparada e, no final, põe três gotas do material colhido no teste. Em menos de nada, um traço horizontal aparece no teste. O homem afirma, em italiano, e num tom irónico, que “o kiwi testou positivo”. Não é especificado que tipo de teste foi realizado nem sequer é possível ver a marca do kit.

Através de pesquisa de imagens na internet, conseguimos perceber que o vídeo é um trecho de um vídeo maior do canal streaming italiano contro.tv., onde são testadas outras nove frutas e onde é possível perceber a identidade dos três supostos médicos/cientistas que aparecem na gravação. Um deles é o cirurgião Mariano Amici, outro é um técnico de laboratório chamado Domenico d’Angelo, e o terceiro é Stefano Scoglio.

Ao Observador, João Júlio Cerqueira atenta no facto de Stefano Scoglio, apesar de se apresentar como “doutor”, não ser sequer médico. “Tem uma empresa privada chamada ‘Nutritherapy Research Center’, que comercializa produtos nutricionais à base de algas e outras preparações de medicamentos naturais”, nota o médico português, sublinhando que fica “mais uma vez demonstrando o perigo dos terapeutas alternativos e promotores de pseudociência na disseminação de desinformação”. A verdade é que, segundo o site de fact checking brasileiro da agência de notícias AFP, os nomes de Stefano Scoglio e de Domenico d’Angelo não constam na base de dados da Câmara Médica Italiana (FNOMCeO). Apenas o de Amici foi encontrado na Ordem dos Médicos.

Em relação à experiência propriamente dita, João Júlio Cerqueira é perentório: “A única coisa que é verdade é que existiu uma reação ao Kiwi, num teste tipo cassete. Nem sequer é possível ver se é um teste para a deteção de SARS-CoV-2″, começa por dizer ao Observador o médico em questão. João Júlio Cerqueira lembra que há vários testes “tipo cassete”, em que a cassete já tem tudo preparado para fazer a análise sendo apenas necessária a colocação da amostra, e que não são testes de rastreio ao novo coronavírus.

Ainda assim, assumindo que é um teste antigénio para SARS-CoV-2, “este não foi criado para testar Kiwi´s ou outro tipo de alimentos. Foi criado para uma determinada amostra específica, neste caso, exsudado nasofaríngeo. O pH ácido do Kiwi, por exemplo, poderia levar a que a tira teste desse positivo”, explica. É mais ou menos o mesmo que uma mulher fazer um teste de gravidez com saliva em vez de urina — não seria fidedigno, uma vez que o teste em questão foi desenhado para reagir à urina.

Mas há ainda outra agravante. É que, a avaliar pelas imagens, nem sequer é possível concluir que o teste deu positivo, diz o médico português. É que, nas imagens, pode ver-se apenas uma linha horizontal na chamada tira de controle. Segundo se pode ver na imagem abaixo (do laboratório Dialab), essa linha horizontal significa apenas que o teste foi considerado válido ou inválido. Isso mesmo foi também explicado à AFP brasileira pelo médico Fernando Motta.

Outros especialistas, como Thomas Decker, professor de Imunobiologia da Universidade de Viena, ou Anette Beck-Sickinger, professora de Bioquímica da Universidade de Leipzig, na Alemanha, sustentaram ainda à AFP que modificar as condições do teste, através do pH ou da temperatura, por exemplo, pode “causar uma reação inespecífica dos anticorpos”, gerando um falso positivo. Ou seja, mesmo que os alegados cientistas, no vídeo em questão, tenham recorrido a um teste de antigénio para rastreio da Covid-19, e mesmo que o resultado tivesse dado positivo, o teste foi desenvolvido para reagir a um determinado tipo de amostra e não para reagir a alimentos ou outros tipo de materiais. Ou seja, nunca seria considerado válido.

Conclusão

Não é verdade que o vídeo demonstre que uma amostra de kiwi testou positivo num teste de rastreio à Covid-19. Primeiro, porque nem sequer é possível concluir que o teste em causa é um teste de rastreio à Covid-19; depois, porque o vídeo mostra apenas uma linha horizontal na tira de controlo, o que não quer dizer que a amostra tenha dado positiva; e, por fim, porque qualquer alteração no pH ou temperatura da amostra causa distúrbios no resultado do teste. Ou seja, o teste de antigénio para rastreio da Covid-19 foi desenvolvido para reagir a uma determinada amostra de exsudado da nasofaringe, e não para amostras de alimentos. Por fim, o médico que aparece no vídeo não é médico certificado e é conhecido por disseminar informações falsas sobre a Covid-19.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. Nota 1: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook. Nota 2: O Observador faz parte da Aliança CoronaVirusFacts / DatosCoronaVirus, um grupo que junta mais de 100 fact-checkers que combatem a desinformação relacionada com a pandemia da COVID-19. Leia mais sobre esta aliança aqui.

Fact Checking: ¿Usar dos mascarillas mejora la protección contra el coronavirus? ¿Enfermera que se había desmayado tras inocularse vacuna de Pfizer, finalmente murió?

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Twitter lancia Birdwatch, il suo fact-checking sul modello Wikipedia

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Una nuova novità nel mondo del fact-checking. Twitter ha appena annunciato la sperimentazione del suo nuovo servizio di lotta alle bufale, ovvero Birdwatch. Si tratta di un servizio che, al momento, è attivo soltanto negli Stati Uniti e che punta sul senso di responsabilità degli utenti per far sì che le varie affermazioni che vengono fatte sul social network di Jack Dorsey possano essere verificate nelle loro sfumature. Troppe volte, infatti, si è assistito a una sorta di bianco e nero sui social network, senza tener conto di diversi dettagli che possono essere determinanti per stabilire la veridicità di alcune informazioni: l’obiettivo di Twitter è quello di fornire un servizio più completo possibile, partendo dalla partecipazione degli utenti nei processi di fact-checking.

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Birdwatch, cos’è e come funzionerà

Ecco, allora, che Twitter punta sul modello Wikipedia. L’enciclopedia open source, infatti, si basa sulle azioni dei sottoscrittori che, verificando e offrendo le proprie competenze al servizio della comunità, riescono a migliorare costantemente le voci e i lemmi presenti su Wikipedia. Spesso, alcuni passaggi contestati vengono sottoposti a una pubblica discussione, dalla quale la definizione presente sull’enciclopedia si arricchisce ulteriormente. Un modo per offrire, come si diceva in precedenza, diverse sfumature di un problema, di una questione, di un fatto contestato. Non semplicemente il bianco e il nero.

Tornando a Twitter, chiunque abbia un telefono verificato e una mail collegata al proprio account, chiunque non abbia violato in passato le regole di Twitter e abbia abilitato l’autenticazione a due fattori, può richiedere di diventare un Birdwatcher. Questo è l’identikit dell’utente che può contribuire alla diffusione di una discussione serena sul social network dei cinguettii e che, al momento, può operare soltanto nel territorio degli Stati Uniti.

🐦 Today we’re introducing @Birdwatch, a community-driven approach to addressing misleading information. And we want your help. (1/3) pic.twitter.com/aYJILZ7iKB — Twitter Support (@TwitterSupport) January 25, 2021

Nella dichiarazione con cui Twitter ha lanciato Birdwatch si legge: «Vogliamo che chiunque partecipi sappia che più è diversificata la comunità, migliore sarà Birdwatch nell’affrontare efficacemente la disinformazione». Al momento, il processo di verifica si potrà consultare esclusivamente su un portale dedicato, ma in futuro Twitter conta di poter integrare all’interno della sua applicazione i risultati delle analisi di fact-checking di Birdwatch.

Il principale rischio che si intravede in questo momento? È che qualcuno possa approfittare dell’apertura di Birdwatch a un pubblico piuttosto ampio per veicolare la propria versione di un fatto. Twitter, tuttavia, conta sulla responsabilità dei propri utenti e sulla costituzione di un algoritmo che possa scegliere, tra i birdwatcher, quelli più affidabili e attendibili.