Governo pagou R$ 162 em lata de leite condensado; veja valor de outros itens

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Divulgação Governo Federal pagou R$ 162 em duas caixas de leite condensado

Após a informação divulgada na manhã desta terça-feira (26) de que o Governo Federal teria comprado R$ 15 milhões em leite condensado em 2020 , o Portal iG analisou algumas licitações de setembro do ano passado no Painel de Compras e constatou que o Ministério da Defesa gastou R$ 324 em duas caixas de leite condensado de 395 gramas. Os produtos, de acordo com o certame, são do tipo desnatado, com leite in natura e light.

No resultado da licitação, é possível encontrar cada unidade por R$162. Na internet, a reportagem encontrou o mesmo produto, com características semelhantes, por R$ 28.

Os resultados podem ser encontrados na licitação 77/2020, destinada ao 3º Esquadrão da Cavalaria do Exército , em setembro de 2020. O fornecedor é a Saúde & Vida Comercial de Alimentos.

Ainda no certame, o Governo Federal adquiriu 20 unidades de bacon defumado, com valor de R$ 31,20 a unidade. No total, só com este item, a União gastou R$ 624. O Ministério da Defesa solicitou, também, 54 unidades de creme de leite , gastando R$ 164, além de 60 kg de carne , totalizando R$ 2.005,50.

Em um certame anterior realizado com a mesma empresa, a terceira unidade da cavalaria adquiriu 24 unidades do mesmo leite condensado por mais R$ 324, ou seja, R$ 13,50 por unidade .

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O Painel de Compras aponta que há três licitações registradas em dias diferentes, com os mesmos valores e produtos. A diferença fica por conta do valor das unidades e a quantidade adquirida pelo Ministério da Defesa.

Apenas com alimentação, 3º Esquadrão da Cavalaria do Exército gastou R$ 48.717,31 em setembro do ano passado.

O Portal iG tentou entrar em contato com a empresa Saúde & Vida Comercial de Alimentos por telefone, mas não obteve retorno. O Ministério da Defesa não respondeu os questionamentos feitos pela reportagem até a publicação da mesma.

Gastos com leite condensado

O gasto com leite condensado está entre os principais do Executivo federal, sob o comando do presidente Jair Bolsonaro , em 2020. De acordo com um levantamento do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles , com base no Painel de Compras atualizado pelo Ministério da Economia , o gasto com o produto, que o presidente gosta de comer com pão, ultrapassou os R$ 15 milhões.

De acordo com o levantamento, o órgão que mais gastou foi o Ministério da Defesa, que totalizou mais de R$ 632 milhões em gastos alimentares. Só de vinho, a pasta ultrapassou os R$ 2,5 milhões.

O Ministério da Economia justificou que a maior parte do gasto com alimentação é do Ministério da Defesa “porque se refere à alimentação das tropas das forças armadas em serviço”. A pasta ainda acrescentou que “toda despesa efetuada pela Administração Pública Federal está dentro do orçamento”.

Governo Bolsonaro gasta R$ 15 milhões com leite condensado e R$ 2,2 milhões com chiclete

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Carrinho de compras

Redação Bem Paraná com informações do portal Metrópoles

Reportagem publicada ontem pelo portal Metrópoles sobre as despesas do Executivo federal com base no Painel de Compras do Ministério da Economia aponta que em 2020, os órgãos sob comando do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) gastaram mais de R$ 1,8 bilhão em alimentos – um aumento de 20% em relação a 2019.

Entre os gastos que chamaram a atenção estão R$ 15.641.777,49 com leite condensado, e pouco mais de R$ 5 milhões na compra da fruta desidratada. A lista inclui ainda, além do tradicional arroz, feijão, carne, batata frita e salada, biscoitos, sorvete, massa de pastel, geleia de mocotó, picolé, pão de queijo, pizza, vinho, bombom, chantilly, sagu e até chiclete.

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E. Bolsonaro defende leite condensado a militares: ‘muita atividade física’

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Eduardo Bolsonaro (PSL), deputado federal e filho de Jair Bolsonaro (sem partido), defendeu hoje os gastos do governo federal com alimentos, mas citou somente o leite condensado, que virou tema de memes desde ontem. Segundo ele, o produto “foi escolhido por ter virado de certa maneira uma marca do Presidente, presente até em seu café da manhã com John Bolton em sua residência no Rio durante a transição em 2018”.

O deputado afirmou também que a maior parte da compra de leite condensado foi endereçada ao Ministério da Defesa, e que o produto é “indicado a quem faz muitas atividades físicas e serve de base para a elaboração de vários outros alimentos comuns a mesa dos brasileiros como bolos”.

Os gastos alimentícios do governo federal somaram mais de R$ 1,8 bilhão em 2020, conforme mostrou o jornal Metrópoles. Além dos R$ 15 milhões gastos com leite condensado, R$ 2,2 milhões pagos em chicletes e R$ 32,7 milhões em pizza e refrigerante. O total gasto em alimentos em 2020 é 20% maior que em 2019.

  1. O produto foi escolhido por ter virado de certa maneira uma marca do Presidente, presente até em seu café da manhã com NSC John Bolton em sua residência no Rio durante a transição em 2018. pic.twitter.com/dUzBAQHwDN – Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) January 27, 2021

Eduardo alegou também que nem todo dinheiro investido em leite condensado foi para o presidente. De acordo com o deputado, dos R$ 15,6 milhões, ao todo R$ 14,2 milhões (91%) foram para o Ministério da Defesa. O restante, R$ 1,4 milhão, teria sido investido em leite condensado para outros setores do governo, de acordo com Eduardo.

Em relação aos R$ 14,2 milhões do Ministério da Defesa, Eduardo afirmou que as Forças Armadas têm um efetivo de 334 mil pessoas, que consumiriam mais de 6.500 latas de leite condensado por dia. Segundo o deputado, é “algo bem razoável” para a tropa.

  1. …vide ainda que o item é um produto calórico indicado a quem faz muitas atividades físicas e serve de base para a elaboração de vários outros alimentos comuns a mesa dos brasileiros como bolos. – Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) January 27, 2021

O deputado criticou ainda políticos de oposição que se manifestaram sobre o caso, como a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) e o ex-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT).

  1. Assim,sem apontar qualquer suspeita de desvio ou superfaturamento,os afoitos que já pediam o impeachment de um presidente honesto por esta informação disponível no portal da transparência do governo,parece q de fato algo está faltando a eles sim: a teta que estavam acostumados pic.twitter.com/L1NdeKubAa – Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) January 27, 2021

Eduardo não explicou outros gastos do governo federal que geraram críticas da oposição. Parlamentares formalizaram uma representação no TCU (Tribunal de Contas da União) pedindo a abertura de investigação sobre as compras do Executivo. Um documento protocolado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e os deputados federais Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) argumenta que o aumento das despesas fere o princípio da moralidade administrativa.

“Em meio a uma grave crise econômica e sanitária, o aumento de gastos é absolutamente preocupante, tanto pelo acréscimo de despesas como pelo caráter supérfluo de muitos dos gêneros alimentícios mencionados”, diz um trecho da representação.

Representantes do PSOL, o deputado David Miranda (RJ) e as deputadas Fernanda Melchionna (RS), Sâmia Bomfim e Vivi Reis (PA) protocolaram uma ação para que o procurador-geral da República, Augusto Aras, abra investigação sobre os gastos de R$ 1,8 bilhão.

(Com Estadão Conteúdo)